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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
NOVA FORUM Curso de Pós-graduação
em Mercados, Instituições e Instrumentos Financeiros
Primavera 2000 |
Prof. Jorge Braga de Macedo |
Abordagem
1. O primeiro objectivo é resolver modelos simples
de determinação do rendimento agregado e do mecanismo de
transmissão monetária e avaliar o efeito quantitativo de
políticas alternativas. Este objectivo, que supõe uma capacidade
de avaliar o efeito quantitativo de políticas orçamentais,
monetárias e cambiais alternativas no produto interno bruto (pib)
e no seu preço, bem como na criação de emprego no
curto prazo. Estes efeitos devem ser consistentes com a criação
de condições para a acumulação de capital,
físico e humano, de modo a permitir um desenvolvimento sustentado
na economia global.
Embora este objectivo analítico não seja prioritário
aqui, permite que se introduza a "macroeconomia para as pessoas" no que
toca aos dois outros objectivos, respectivamente as regras de política
e a interdependência internacional.
É que a tensão entre mercados globais e cidadanias locais,
cuja incompreensão pode afastar as pessoas da macroeconomia, assenta
em dois pressupostos, cuja compreensão representa outros tantos
objectivos do curso. Primeiro, como não há actividade empresarial
sustentada com ameaças à propriedade privada das pessoas,
no presente ou no futuro, esta deve ser garantida através de medidas
tão próximas quanto possível do cidadão. Segundo,
as pessoas esperam não só o respeito dos seus direitos e
garantias fundamentais mas também a liberdade de circulação
de bens, serviços ou activos financeiros.
2. O segundo objectivo é pois conhecer as regras e instituições
orçamental, monetária e cambial correntes nas democracias
nacionais avançadas e os mecanismos de coordenação
externa das políticas. Mostra-se como a actividade económica
nacional e internacional nas democracias avançadas se enquadra num
conjunto de regras e procedimentos que reflectem não só valores
e princípios económicos mas também éticos e
políticos. São regras que reflectem valores e princípios
económicos mas cuja compreensão não exige formação
económica anterior.
Alguns destes valores resultam da carta das Nações Unidas
mas como a ex-URSS acabou por não participar nas organizações
financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional
e o Banco Mundial, com sede em Washington, DC, nem no GATT, hoje Organização
Mundial do Comércio, com sede em Genebra, verificou-se desde cedo
uma divergência entre as organizações político-diplomáticas
e as económico-financeiras.
A combinação dos valores e princípios económicos
com os éticos e políticos é considerada própria
dos países industrializados da área da OCDE, organização
fundada em 1948 em Paris. Dentro dos países industrializados sobressaem
os sete maiores, o chamado G-7, que reúne Estados Unidos (EU), Canadá,
Japão, Alemanha, França, Inglaterra e Itália, além
do presidente da Comissão Europeia e, mais recentemente, da Rússia.
O G-7 funciona como um directório da arquitectura financeira internacional,
ao qual se juntam Bélgica, Holanda, Suécia e Suiça
no chamado G-10.
A área da OCDE também se chama a área trilateral,
por incluir três polos de desenvolvimento e democracia mundiais,
a América do Norte, o Japão e a União Europeia (UE).
Entre os membros da UE conta-se Portugal, e o lado europeu também
incluí alguns países do centro e leste em transição
e candidatos à adesão.
Os valores e princípios trilaterais têm alastrado para
os mercados emergentes a Sul (México, Coreia, já membros
da OCDE; India, Brasil, África do Sul) e para Leste (Rússia,
oitavo membro do G7, talvez China). Argentina e Brasil já são
membros do Centro de Desenvolvimento da OCDE
Pouco antes da crise financeira dos mercados emergentes, os bancos
centrais destes cinco grandes países tornaram-se, com os de Singapura
e da Arábia Saudita, membros do Banco de Pagamentos Internacionais
(BIS), organização fundada em 1930 em Basileia que começou
por reunir os bancos centrais do G-10 e de outras pequenas economias europeias
(incluíndo ex-Jugoslávia e Bálticos)., Criou-se depois
um forum próprio, o G20.
Espera-se que os países africanos lusófonos também
venham a beneficiar destes valores, como aliás prevê a Declaração
constitutiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP), organização fundada em 1996 em Lisboa.
3. O terceiro dos objectivos complementares, perceber como o comércio
e as finanças internacionais afectam o equilíbrio conjuntural
das economias abertas e a prosperidade dos povos, projecta os modelos e
as regras à escala global, para tentar encontrar as condições
da convergência entre economias avançadas e emergentes.
Em tempos normais, as condições resultam mais das políticas
do que dos recursos. Contudo, os mercados financeiros internacionais passam
por períodos turbulentos que podem penalizar o processo de convergência
global das políticas.
Assim, as actuais dificuldades financeiras afectaram os mercados emergentes
e o Japão mais do que EU e UE. A compreensão da chamada crise
financeira internacional e dos modos de a resolver ajuda a entender se
e como será possível retomar o processo de convergência
internacional de políticas interrompido em meados de 1997.
Apesar da referida difusão das regras de política da
OECD para Sul e para Leste, continua a haver grande tendencia para considerar
as diferenças culturais impeditivas de uma boa política económica
à escala mundial. A África é talvez a mais atingida
com essa atitude negativa, embora a América Latina não costume
andar longe. Curiosamente os "valores asiáticos" eram considerados
mais apropriados, pelo menos até que crises financeiras nos "tigres
asiáticos" em 1997 (e ameaças de contágio à
própria bolsa americana no ano seguinte) tenham sugerido que os
problemas afinais são gerais. O falhanço da ronda de Seattle
da WTO, planeada para o Outono de 1999, tornou espectaculares as resistências
contra a globalização. Também por isso o programa
do curso atende à geografia e à história dos mercados.
Páginas e livros úteis
O exame, marcado para 10 de Julho, consta de 6 à escolha entre
9 das perguntas curtas e de 2 à
escolha entre 4 das perguntas de desenvolvimento
dentro da matéria leccionada (podendo incluir as leituras facultativas,
precedidas dos símbolos # ou &), com pesos iguais.
A grande maioria das leituras obrigatórias encontra-se em
Programa do curso e leituras
1. Macroeconomia e ajustamento
internacional (28 Abril)
*Paul Krugman, "The
Baby sitting economy", The Dismal Science (ou "Four Percent
Follies", Acidental, pp.105-115).
Avelino Crespo, Empresas e Emprego na Moeda Única, Lisboa:
Edições Sílabo, 1997, "Introdução: Macroeconomia
para as pessoas", pp. 9-29.
Paul Krugman, "Size
does matter - in defense of macroeconomics", The Dismal Science
Peter Pugh & Chris Garratt, Keynes for Beginners, Icon Books,
1996.
&Paul Krugman, "Why I am an economist (sigh)"
#Richard Levich, International Financial Markets: Prices and Policies,
McGraw Hill, 1998
#John Williamson, The Open Economy and the World Economy, New
York: Basic Books, 1983
#"De Chicago ao FMI: A Abordagem Monetária da Balança
de Pagamentos", Economia II (3), Janeiro 1978.
#"Exchange Rates and the International Adjustment Process", Brookings
Papers on Economic Activity, Setembro 1978.
&Interdependência Económica, Sistema Monetário
Internacional e Integração Portuguesa, Lisboa, Banco
de Fomento Nacional, 1977.
&Paul Krugman, "Vulgar Keynesians",
Acidental,
pp.28-33.
&Paul Krugman, "Unmitigated Gauls: Liberté,
Egalité, Inanité",
Acidental, pp.34-38.
&Paul Krugman, "A Good Word for Inflation", Acidental, pp.116-122.
&Paul Krugman, "Supply-Side's Silly Season", Acidental,
pp.47-51.
&Paul Krugman, "An Unequal Exchange", Acidental, pp.52-61.
&Paul Krugman, "The Lost Fig Leaf: Why
the Conservative Revolution Failed",
Acidental, pp.62-65.
&Robert Barro, "George Stigler and the Chicago School", Getting
it Right, MIT Press, 1996, pp.164-167.
&Robert Barro, "A Nobel Prize for Bob Lucas", Getting it Right,
pp.18-171.
2. A globalização
e os seus detractores (29 Abril)
* Bem Comum dos Portugueses, parte
II Pertenças presentes especialmente pags.199-216.
*Paul Krugman, "In Praise of Cheap Labor.
Bad Jobs at Bad Wages are Better than No Jobs at All", The Accidental
Theorist, pp.80-86.
Moses Naim, "Lori’s war", Entrevista
a Lori Wallach,
Foreign Policy, Primavera 2000
Joseph Stiglitz, "The insider", The
New Republic online, Abril 2000
Bem Comum dos Portugueses, pags.21-34, 217-246.
&Flexible Integration Towards a more effective and democratic
Europe,
Londres: Center for Economic Policy Research (CEPR), 1995.
&Paul Krugman, "We are Not the World", The Accidental Theorist,
pp.75-79.
&Paul Krugman, "Economic
Culture Wars", The Dismal Science
&Paul Krugman, "The
CPI and the Rat Race", The Accidental Theorist, pp.191-195.
&Paul Krugman, "Rat
Democracy", The Accidental Theorist, pp.179-183.
&Paul Krugman, "No pain no gain", The Dismal Science
&Paul Krugman, "Who's
Buying Whom? ", The Dismal Science
&Mercado monetário e
de valores mobiliários: Relações de dependência
à escala mundial
3. Experiencia portuguesa: o real e o colapso do padrão-ouro
(2 Junho)
*Bem Comum dos Portugueses, Parte
I "Manifesto histórico" especialmente pags.112-166.
Bem Comum dos Portugueses, pags.21-34, 217-246.
"Do real ao euro, passando pelo
escudo",
Memórias da Academia
das Ciências, a saír
"War, taxes and gold: the inheritance
of the real", The legacy of Western European Fiscal and Monetary
Institutions for the New World: XVII-XIX century, organizado por Michael
Bordo e Roberto Cortes-Conde, a saír.
&"Economia, ética e implicações de política"
Estudos em Homenagem a Jorge Borges de Macedo, Lisboa: INIC, 1992 (resumo
em Ethics)
&"Europa e Lusofonia, Política e Financeira: Uma Interpretação",
Ensaios
de Homenagem a Manuel Jacinto Nunes, Lisboa: Instituto Superior de
Economia e Gestão, 1996, pp. 53-72.
#Convertibilidade Cambial: Conferencia Comemorativa do 140º
Aniversário da Adesão de Portugal ao Padrão-Ouro,
Lisboa: Banco de Portugal, 1995.
4. Experiencia portuguesa: a transição para
o padrão-euro (3 Junho)
* Bem Comum dos Portugueses, Parte
II Liberdades futuras especialmente pags.290-307
Portugal's
European Integration: the limits of external pressure, Nova Economics
Working Paper nº 369, Dezembro 1999.
&Portugal, Democracy, Decentralisation and Deficits in Latin
America, organizado por Kiichiro Fukasaku e Ricardo Hausmann, Paris:
OECD Development Centre e Inter-American Development Bank, 1998, pp 191-200.
Bem Comum dos Portugueses, pags.247-289.
&Brasil-Portugal e a globalização:
riscos e oportunidades, a saír nas actas do congresso Brasil-Portugal
ano 2000 sessão de economia, Setembro 1999.
&"Mercados
Financeiros Internacionais e Cidadania Nacional", Direito dos Valores
Mobiliários, Lisboa: Lex, 1997, pp.15-25.
&Liberdades Futuras dos Portugueses, Nova Economics Working
Paper nº 349, Abril 1999.
&"Memória de um Acompanhamento
Desconhecido", A Revisão do Tratado da União Europeia,
Coimbra: Livraria Almedina 1996, pp. 185-189.
#Moving the escudo into
the euro, CEPR Discussion Paper nº 2248, Outubro de 1999.
# "Generational Accounting in Portugal"
Generational
Accounting around the World, organizado por Alan Auerbach, Larry Kotlikoff
e Willi Leibfritz,Chicago: University of Chicago Press para o NBER, 1999,
pp.471-488.
&"Portugal e a União Monetária Europeu: ganhar credibilidade
externa vender estabilidade internamente", Análise Social,
138, vol. XXI 1996, 4º pp. 895-924 (resumo)
&Forum Portugal Global, A
internacionalização das empresas portuguesas
5. Um sistema monetário internacional trilateral?
(23 Junho)
*Paul Krugman, "The
hangover theory", The Dismal Science
*"Relações monetárias entre a zona do euro e os
Estados-membros", in Aspectos Jurídicos e Económicos da
Introdução do Euro, Lisboa: Faculdade de Direito, 1999,
pp. 55-62.
*Paul Krugman, "Is
the economic crisis a crisis for economics?", The Dismal Science
Paul Krugman, "Bahtulism. Who Poisoned Asia's
Currency Markets? ",
The Accidental Theorist, pp.146-152.
Safeguarding Prosperity in a Global
Financial System: The Future International Financial Architecture,
Council on Foreign Relations, October 1999
"Financial Crises: a Eurocentric perception", a saír em What
financial system for the year 2000?, Lisboa: ISEG.
"Corporate governance
and sound business practices.", EBRD
Paul Krugman, "The East is in the Red: A
Balanced View of China's Trade",
The Accidental Theorist, pp.87-96.
&Paul Krugman, Monomoney Mania, Slate, 15 Abril 1999
&Paul Krugman, "Making the World Safe for George Soros", The
Accidental Theorist, pp.153-162.
&Paul Krugman, "Capital Control Freaks", The Dismal Science
&Paul Krugman, "The Tequila Effect", The Accidental Theorist,
pp.191-195.
&Paul Krugman, "What is Wrong with Japan", The Accidental Theorist,
pp.123-126.
&Paul Krugman, "The Myth of Asia's Miracle", Pop Internationalism,
pp.167-188.
&Paul Krugman, "Time on the Cross: can
fiscal stimulus save Japan?".
&Paul Krugman, "Seeking the Rules of the Waves", The Accidental
Theorist, pp.127-134.
&Paul Krugman, "Gold
bug variations: Understanding the Right-Wing Gilt Trip", The Accidental
Theorist, pp.66-70.
&Paul Krugman, "Taxes and Traffic Jams", The Accidental Theorist,
pp.173-178.
&Paul Krugman, "Looking Backward", The Accidental Theorist,
pp.196-204.
&Global Financial Turmoil and Reform: A United Nations Perspective,
organizado por Barry Herman, Tokyo: The United Nations University Press,
1999.
&Macroeconomic policy and institutions in the transition towards
EU membership, NBER Working Paper nº 6555, Julho de 1998.