A apresentação na Academia das Ciências de Lisboa*, o empenho dos alunos que vinham lendo as sucessivas versões disponíveis na internet e o entusiasmo do editor contribuíram decerto para o ritmo das vendas. A todos agradecemos, bem como aos jornalistas pelo eco que deram ao "manifesto de universitários".
O interesse das pessoas em redescobrir a identidade nacional através do conceito de bem comum tal como o propomos. tem para nós, uma explicação. O bem comum é uma ideia clássica. Radica no mais profundo da nossa tradição aristotélico-tomista, e foi retomada pelo civismo liberal, pelo sonho republicano e pela democracia pluralista.
Bem comum que sintetiza as ideias de ordem e de justiça, sem as quais se desenraízam as liberdades e se compromete o futuro. O nosso testemunho revela confiança na capacidade dos portugueses enfrentarem a globalização económica em sociedade aberta e democracia pluralista; mas também realça a quebra do ciclo vital e a hipoteca das liberdades futuras. Urge, com efeito, que a governação não caia na tentação da pilotagem automática, sob pena de não mobilizarmos os factores de poder nacional, que são as nossas pertenças.
É um lugar comum dizer que, se não se efectuarem reformas da saúde, ensino, segurança social e sistema fiscal, Portugal arrisca-se a perder a credibilidade acumulada nos últimos dez anos, e a ser ultrapassado por mercados emergentes europeus como a Polónia ou a Hungria.
Nós chamamos a isso o "esticão" do euro e receamos que, como já sucedeu várias vezes na nossa história, os portugueses estejam hoje "perplexos como quem pensou e achou e esqueceu". Todos reconhecemos o verso de Fernando Pessoa. Pessoa cujo "oásis no incerto" já inspirou um de nós e aparece agora aplicado à zona do euro. A euroconfiança que revelam as declarações do Verão passado do Presidente do Banco Central Europeu tornam-no cúmplice, sem o saber, do abraço armilar que este livro suporta. Mas para nós euro sem esticão só na lusolândia...